O primeiro Hotel Moxy em Portugal faz parte de um complexo que inclui também a K Tower, uma torre de escritórios atualmente em construção. Abrangerá 15.000 metros quadrados distribuídos por 14 andares, com um investimento de 50 milhões de euros da Krest Real Estate Investments.
Concluído em junho, o primeiro Hotel Moxy em Portugal, parte do Grupo Marriott, teve a sua abertura adiada desde o início do verão. Estava previsto abrir em setembro, mas a evolução da pandemia frustrou Claude Kandiyoti, presidente do Grupo de Investimento Krest, proprietário da unidade hoteleira. Com investimentos em Portugal a rondar os 250 milhões de euros, o empresário belga tem viajado entre a Bélgica, onde vive, e Portugal. “Planeamos fazer uma abertura suave em janeiro, mas ninguém sabe ao certo como estará o mercado nessa altura,” disse o investidor belga ao Expresso, tendo já realizado sete testes à COVID-19 desde o início da pandemia.
Numa época de pandemia e trabalho remoto, o futuro parece incerto para o mercado de escritórios, mesmo numa cidade com poucos espaços disponíveis. Kandiyoti acredita que haverá uma mudança na dinâmica de uso dos espaços internos e externos. “Na K Tower, estamos a construir novos espaços externos para reuniões de negócios. As pessoas acabarão por regressar aos seus escritórios, mas não acredito que isso aconteça antes do final de 2021,” afirmou, notando algumas diferenças neste mercado entre Portugal e a Bélgica. “Há um maior enfoque nos espaços exteriores em Bruxelas,” explica.
Apesar das dúvidas de Kandiyoti, o mercado de escritórios mostrou sinais de recuperação em Lisboa. Segundo a consultora Savills, em agosto registou-se um volume de absorção de cerca de 13.500 metros quadrados, um aumento de 19% em comparação com o mesmo período do ano passado.
O setor imobiliário provou ser um dos mais resilientes durante a pandemia em Portugal. Contrariamente às previsões mais pessimistas, os preços não caíram nem os volumes de vendas sofreram desacelerações significativas. Em alguns casos, houve até um aumento tanto no aluguer como nas vendas — o que se observou foi uma mudança nos padrões de procura. “No mercado residencial, dobrámos as nossas vendas, há uma grande procura de investidores por casas, os preços e as vendas subiram. O mercado está um pouco mais lento, mas continua a crescer. Fui ao Algarve ver um dos nossos projetos, temos menos visitas, mas as pessoas que vêm estão determinadas a comprar,” disse.
Os investidores estrangeiros continuam interessados em Portugal, segundo Kandiyoti. “Ainda querem investir em projetos de grande escala. Há muitos negócios a acontecer no mercado. Os investidores de pequena escala desapareceram, aqueles que vinham comprar apenas uma propriedade para fins residenciais. Precisam de viajar e não estão dispostos a fazê-lo, arriscando contágio. Mas os fundos que normalmente investem no país continuam ao mesmo nível. Há muito dinheiro no mercado, é louco.”
Presente em Portugal desde 2010, a Krest Real Estate Investments iniciou o seu negócio com a compra de um armazém para a empresa familiar têxtil em Paços de Ferreira. Foi por volta dessa época que a empresa também começou o seu negócio imobiliário, investindo na compra de 11 propriedades do Estado. “Naquela época, Maria Luís Albuquerque precisava de dinheiro para pagar pensões. E nós concorremos a uma série de edifícios à venda em leilão público, pagando sem recorrer a financiamento,” recordou Kandiyoti, que atualmente tem mais de uma dúzia de projetos imobiliários em Portugal.
Um dos investimentos que a empresa tem promovido chama-se Jardim de Miraflores. Com vista para o estuário do Tejo e uma vasta área verde, consiste em três edifícios que atendem ao mercado em tempos de distanciamento social. A empresa também tem dois projetos em andamento no Algarve, Lakes 24 em Vilamoura e Forte Novo em Quarteira. Apesar de ter alguns projetos residenciais em áreas de luxo, como a Baixa Pombalina, Claude diz que o núcleo do negócio é a habitação acessível. “É nisso que a nossa equipa está focada agora.”
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