O primeiro Hotel Moxy em Portugal está concluído, e as fundações para a torre de escritórios que faz parte do complexo já foram estabelecidas. O empresário Claude Kandiyoti chamou-o de “terra de ninguém”. Enquanto a Expo’98 revitalizou a zona oriental de Lisboa com um vasto complexo residencial, serviços e comércio, do outro lado da linha ferroviária, o contraste é evidente, com terrenos vagos e áreas abandonadas. Em 2015, o empresário belga queria investir na capital portuguesa e lembrou-se das palavras do seu mentor quando se aventurou no seu primeiro negócio imobiliário: “Se encontrares um terreno perto de uma estação de comboios, compra-o.” Situado em frente à Gare do Oriente, o terreno deu origem a dois edifícios, que farão parte de um futuro complexo empresarial: o Hotel Moxy, do grupo Marriott, que está concluído e prevê-se que seja inaugurado em setembro, e uma torre de escritórios — a K Tower — com 14 andares e 15.000 metros quadrados de área, que agora está em construção. O investimento total, pela Krest Real Estate Investments, foi de 50 milhões de euros, e o empresário admite ter fechado a venda dos escritórios — geridos pela JLL — antes da conclusão do edifício. “Há poucos espaços disponíveis para escritórios, e estávamos a negociar a bom ritmo antes do confinamento. Agora as empresas estão em pausa, a avaliar como gerir esta crise, mas acredito muito neste projeto,” disse o CEO da empresa belga ao Expresso esta semana, durante a apresentação do primeiro Hotel Moxy em Portugal. É uma unidade do grupo Marriott mais orientada para “a geração milénio.” Com 222 quartos — alguns com vista para o rio — serviços de internet de alta velocidade, estacionamento, um ginásio, salas de reuniões, uma biblioteca e terraços, o hotel de três estrelas faz parte do conceito e visão de Claude, que se concentra na sustentabilidade, edifícios amigos do ambiente e redução da dependência de carros. A ideia de construir um hotel e uma torre de escritórios, lembra Claude ao Expresso, surgiu “um dia depois” de ter comprado esses dois terrenos perto da linha ferroviária. Num momento em que Portugal estava sob resgate financeiro, com a economia em frangalhos, o empresário apostou tudo. “Todos me diziam que Portugal ia à falência. Quem vai investir em escritórios ou hotéis numa altura destas?” perguntavam-me. Diziam que eu estava louco,” diz Kandiyoti, que não sucumbiu às previsões mais pessimistas. “Este será um projeto para grandes empresas,” disse ao Expresso, sentado no lobby do Moxy Lisboa Oriente, o principal espaço do hotel, amplo, com uma estética contemporânea e industrial forte. “A abordagem de design foi baseada nas diretrizes desta marca de estilo de vida e na localização onde o edifício está situado. O carácter industrial da área, a inclinação acentuada do terreno e a arte urbana pré-existente foram sem dúvida uma fonte de inspiração,” disse Margarida Caldeira, arquiteta, diretora do escritório português da Broadway Malyan, que assegurou o projeto do hotel, cujas principais características decorativas no lobby são azulejos com designs contemporâneos que fazem referência a padrões tradicionais portugueses e grandes peças de arte de rua. Com vista para o lobby, há um mezanino com salas multiuso, incluindo um ginásio, um local de encontro onde os hóspedes podem trabalhar, reunir-se ou conversar em mesas comunitárias ou uma mistura de sofás confortáveis e cadeiras,” explicou a arquiteta Margarida Caldeira. A Krest Real Estate Investments está em Portugal desde 2010. A família fez fortuna na indústria têxtil, e foi através da compra de um armazém para a empresa, em Paços de Ferreira, que o negócio imobiliário começou a emergir, investindo mais tarde na compra de 11 propriedades do estado.