O investimento total da Krest em Portugal vai duplicar nos próximos quatro anos, com foco em habitação “acessível e sustentável”. O CEO do promotor imobiliário belga, Claude Kandiyoti, critica a “burocracia” no licenciamento. Presente em Portugal desde 2013, a Krest vai duplicar o seu investimento no mercado nacional nos próximos quatro anos, ultrapassando os 400 milhões de euros, diz Claude Kandiyoti ao Negócios. Serão 200 milhões de euros em novos projetos focados na Grande Lisboa, Grande Porto e Algarve. E, assegura Kandiyoti, estes serão projetos “acessíveis” e “sustentáveis”.
Atualmente, a Krest tem vários projetos em andamento, destacando-se a K Tower no Parque das Nações, em Lisboa. O edifício de escritórios de 13 andares começou a ser construído em março. Também este ano, começou a construção da Torre Girassol, a segunda de três edifícios no Jardim de Miraflores. A construção do projeto Horizon, na praia do Forte Novo, Quarteira, deverá começar no verão e será comercializada em maio. No Algarve, a Krest está a construir o condomínio privado Lakes 24 em Vilamoura, com 70% dos 24 apartamentos já vendidos.
Em pipeline, mas numa fase menos avançada, está o projeto de uso misto em Campanhã, no coração do Porto. O projeto do arquiteto Eduardo Souto Moura deverá incluir 7.000 metros quadrados para habitação, 5.000 metros quadrados para escritórios e 2.000 metros quadrados para “um pequeno hotel e um restaurante”. “Vamos solicitar a licença em dois a três meses e esperamos obter permissões para iniciar a obra dentro de um ano ou ano e meio”, diz o CEO. “Será um projeto sustentável. Algo que decidimos será um critério do qual não abdicaremos”, enfatiza.
Claude Kandiyoti diz que esta escolha não pode comprometer o custo dos projetos, tornando-os “inacessíveis”. “Na Polónia, os custos em projetos sustentáveis aumentam em 10%. Aqui, dizem-me que aumentam em 40%. Não aceito isso. Gostamos de trabalhar com arquitetos portugueses, mas se eles não conseguirem entregar um projeto sustentável com custos aceitáveis, traremos arquitetos estrangeiros”, sublinha. A Krest também tem em vista dois grandes projetos, cada um superior a 50 milhões de euros, um na Grande Lisboa e outro no Grande Porto, mas os detalhes ainda não podem ser revelados.
Claude Kandiyoti não esconde que o licenciamento é um dos maiores problemas do setor. “Não só em Portugal, mas por toda a Europa. Na Bélgica, por exemplo, passamos muito tempo a discutir projetos com o poder político. Aqui, o atraso é essencialmente administrativo”, observa. O licenciamento é “extremamente complicado e lento” em Lisboa, enfatiza, chegando mesmo a afirmar que “se estou a considerar um projeto e as alternativas são Lisboa ou Oeiras, escolho Oeiras porque o processo é mais rápido”. O CEO da Krest reconhece que “é evidente que a Câmara Municipal de Lisboa está preocupada com a situação”, mas “ainda não há progressos”. E, argumenta, em grandes projetos “precisa de haver alguém que acompanhe o processo do início ao fim. E precisa de haver um cronograma para a obtenção de licenças”.